FIDÚCIA E ESPERÁLIO
Uma história com o Salmo 130 Cesar Motta Rios Era uma vez um jovem chamado Esperálio. Ele trabalhava como guarda noturno numa torre alta, num castelo alto, que ficava no alto da montanha mais alta de um reino muito distante. Esperálio tinha que ficar acordado a noite todinha vigiando. Sozinho no escuro, ele ficava com medo às vezes. Tinha barulho de bicho. Tinha o vento. Tinha gente que podia chegar de repente. Mas o pior de tudo era o sono que ele sentia. Era muito sono. Ele custava a ficar acordado. Mas não podia dormir nem um pouquinho. Tinha que vigiar. Uma coisa que Esperálio via toda noite era a princesa Fidúcia que fazia oração por ali. Uma vez, ele não aguentou de curiosidade e foi lá falar com ela. - Princesa, princesa Fidúcia, com todo respeito, o que é que você está fazendo? - Oração. - É. Eu vi. Mas por que você gosta tanto de fazer oração? - Hum... Pra te responder, eu vou ler um versinho do Salmo 130. Ouve só: “A minha alma espera pelo Senhor mais do que os vigias esperam pelo amanhecer! Mais do que os vigias pelo amanhecer!”[1] - Não entendi esse negócio de “mais do que”. - É uma comparação! - Compa- o quê? - Comparação. Você fica vigiando a noite toda, não é? - Sim. - Então, você deve ficar com muita vontade de ver o sol nascer, pra poder ir pra casa tranquilo, não é? - Verdade! Não vou mentir não, princesa. - Aqui tá dizendo que do jeitinho que você fica querendo que chegue o dia, mais ainda eu fico querendo estar juntinho de Deus. - Ah... Entendi. Mas tem um problema! Dizem que Deus sabe tudo. Então, estar com Deus não é perigoso? Ele vai saber que fiz uma coisa errada e me castigar! É que, sabe, princesa Fidúcia, outro dia, o sono estava forte demais. Daí, eu fiz um boneco parecido comigo, coloquei na torre para parecer que era eu, e fui dormir. - Ah... Entendi. Mas tem outra coisa que o Salmo 130 ensina. Ouve só: “Porque com o SENHOR está a misericórdia! Com Ele, muita redenção!”[2] Deus gosta tanto da gente que mandou Jesus para nos trazer perdão, não castigo. - Então eu vou querer orar também! Você me ensina? A princesa Fidúcia disse que ia ensinar o Pai Nosso. Esperálio logo perguntou: - E a gente pede perdão nessa oração? - Sim. Diz assim: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. - “Assim como”! É a tal da comparação de novo, não é? - Isso! E Deus perdoa nosso pecado de pertinho da gente, como se Ele mesmo falasse direto com a gente, do jeitinho que o Manuel da venda perdoou o João Pedro que tinha esquecido de pagar a compra.[3] - Ah... entendi! Com essa conversa toda, quando foram ver, o Sol já estava nascendo. Naquela noite, Esperálio tinha aprendido a pedir perdão para Deus e Fidúcia tinha feito um novo amigo. ------------------------- [1] Sl 130.6, minha tradução. [2] Sl 130.7, minha tradução. [3] Estou pensando a partir do Catecismo Maior, Quinta Petição, 97.
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AutorCesar M. Rios Histórico
September 2018
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