NOTA (PARA LUTERANOS) SOBRE CRÍTICAS LUTERANAS À VARIAÇÃO DE PRÁTICAS NO CONTEXTO LUTERANO5/21/2020 NOTA (PARA LUTERANOS) SOBRE CRÍTICAS LUTERANAS À VARIAÇÃO DE PRÁTICAS NO CONTEXTO LUTERANO
Por mais bem intencionado que possa ser, o intento individual – ou de grupos de afinidade - no sentido padronizar aspectos externos do luteranismo não é condizente com a confessionalidade luterana. Além de não ecoar a disposição dos confessores do século XVI, mesmo que possa repercutir a opção de alguns ou vários deles, qualquer iniciativa que tente normatizar como completamente necessário o que não é estabelecido pelas Confissões pode trazer mais confusão que edificação. No fim das contas, a avidez por defender a identidade confessional luterana por meio da uniformização de uma ou outra prática externa corre o risco de ir contra a própria identidade confessional luterana. Além disso, em redes sociais, podemos colocar em dúvida, entre membros, o trabalho de um pastor que está no campo, fazendo um trabalho esforçado em um contexto que sequer imaginamos existir. Podemos causar escândalo e rusgas a partir de nossa poltrona na relação entre membros e pastores sem sequer tomarmos consciência disso. Mas não somos nós que vamos chorar com essas pessoas quando for necessário. Não somos nós que vamos acompanhá-las na caminhada cristã. Continuaremos somente podendo oferecer sugestões sobre a forma “mais correta” de vida litúrgica e identidade confessional. Algumas discussões não são apropriadas para um âmbito completamente aberto. Se quero dizer que é errado (vem um exemplo bem sem sentido para evitar começar uma discussão) subir ao púlpito com o pé esquerdo, já que isso é uma afronta contra a identidade luterana, eu deveria encontrar um espaço para discutir isso sem que a conversa chegue, antes de bem resolvida, aos ouvidos de todos, inclusive do Astrogildo, cujo pastor sempre sobe assim. Se quero mesmo discutir o assunto, eu poderia, de preferência, encontrar um âmbito em que isso fosse discutido por pessoas que entendem de liturgia (leigos inclusive) e líderes da igreja em geral. Para ficar claro, na IELB, seria de se discutir isso na Revista Igreja Luterana, mas NÃO na Mensageiro Luterano! Você, pessoa que participa em uma comunidade luterana, tem todo o direito de exigir que seu pastor seja fiel às Escrituras e às Confissões Luteranas reunidas no Livro de Concórdia. Quanto a outras questões, eventualmente, saiba das opiniões e razões dele, que podem diferir muito de opiniões que circulam nas redes sociais. Respeite isso. Ele tem sobre si a responsabilidade seríssima de conhecer o contexto em que está e nele trabalhar da melhor forma possível. Se ele não está nas redes sociais debatendo e colocando seu contraponto frente aos que afirmam algo diferente do que faz, talvez haja também motivo para isso. Não é necessariamente o caso de que ele esteja ignorando o assunto. Pode ser que tenha urgências da própria vida da comunidade que o impeçam de se dedicar a essa discussão nesse âmbito aberto. Por fim, um pedido bem pessoal: Se qualquer coisa que eu digo ou escrevo (neste texto inclusive) parece colocar em dúvida o trabalho do seu pastor, coloque em dúvida, antes, o meu discurso, que não pode estar ciente de todos os variados casos e contextos. Não é meu propósito controlar nada nem ninguém. P.S. Não estou afirmando que tudo é válido. “Faça cada um como quiser!” Não é isso. Façamos com ordem, respeitando nossas Confissões, o critério da comunicação do Evangelho e sem causar escândalos. P.S.’’ Não estou dizendo que não se possa mostrar a existência de tradições bonitas, significativas e edificantes. Só estou dizendo que não se deve impor como norma necessária tudo o que é bonito, significativo e edificante. P.S.’’’ Nos contextos em que convivi, sempre tive como muito proveitosos muitos dos elementos que são tidos como tradicionais, bonitos e significativos, mas tenho para mim que posso encontrar contextos em que outros elementos é que serão bonitos e significativos, alguns dos quais poderão, eventualmente, ser diferentes do que se entende como tradicional. Falo de possibilidade. P.S. (o último) Não estou afirmando que a forma não tem nada a ver com o conteúdo, que o conteúdo não sofre influência da forma. MAS entendo que NÃO posso usar o fato de que forma e conteúdo se inter-relacionam como meio de impor uma só forma, como se um conteúdo não pudesse ser bem comunicado por mais de um meio. P.S. (Ah... só mais um, por favor!) Ninguém se sinta desestimulado a trabalhar em prol do que acredita. Só convido a uma reconsideração de forma de atuação ou de tom. E o convite vale para mim também, claro.
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O autorCesar Motta Rios é teólogo. Tem Doutorado na área de Literaturas Clássicas e Medievais, com pós-doutorado na área de Filosofia Antiga. Exerce ministério pastoral junto à Igreja Luterana em Miguel Pereira - RJ. Para acessar seu currículo e encontrá-lo em outras plataformas, clique AQUI. Histórico
April 2023
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