"Mas aqueles que estão no controle de si apresentam as radiantes e ambicionadas prosperidades submissas à mente, como a um líder. Quando elas se aproximam, eles as recebem com correção. E, quando enviadas para longe, não se aproximam, considerando que também sem elas podem ser felizes."
Fílon de Alexandria (Sobre os Gigantes - tradução da casa
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Título: João: uma gnose prática?
Autor: Johan Konings Publicação: Caminhos (2016) Resumo: Lembrando que o Quarto Evangelho há muito foi relacionado à gnose, positiva ou negativamente, e considerando a tendência gnóstica como fenômeno cultural mais do que como doutrina, lançamos a hipótese de que o campo lexicológico do conhecimento, em João (evangelho e cartas), não apenas é muito importante, mas veicula um aspecto prático: o conhecimento por participação na prática (“caminho”) de Jesus de Nazaré. Sobretudo a mútua iluminação de textos como Jo 14,6-9 e 1Jo 4,7-12 traz à luz essa dimensão. Conhece-se o amor de Deus participando dele na prática da vida de Jesus, e essa é a revelação de “como Deus é”: amor. No fim colocamos a pergunta da relevância dessa intuição para nosso tempo que recoloca a pergunta do sentido de nosso agir e da própria humanidade. Palavras-chave: Conhecimento participativo. Prática. João evangelho e cartas. Amor. Gnose. Acesse o artigo completo clicando AQUI Cesar M. Rios - Cesar, disseram-me que, no AT, diferente do que acontecia com todos os outros povos, não eram as pessoas que ofereciam sacrifícios para Deus, mas que Deus é que dava o sacrifício ou o animal em favor das pessoas. O que você acha disso? - Em princípio, estranho. Desde Abel, parece que a Torah descreve o sacrifício como oferta que agrada a Deus. Inclusive, o holocausto, por exemplo, sobe para Deus em forma de fumaça. - Mas e Levítico 17.11? Deus diz que Ele é que dá o animal em favor do povo sobre o altar! - Vamos lá ver? Podemos ler na Almeida mesmo: "Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar...". Opa! Já temos um detalhe esquecido aí. Deus está dizendo que dá o sangue, não o animal ou o sacrifício. O pronome "lo" aí só pode se referir a sangue. E é o que faz sentido na leitura do hebraico mesmo (כִּ֣י נֶ֣פֶשׁ הַבָּשָׂר֮ בַּדָּ֣ם הִוא֒ וַאֲנִ֞י נְתַתִּ֤יו לָכֶם֙ עַל־הַמִּזְבֵּ֔חַ - O elemento recuperado no sufixo ligado ao verbo em negrito é claramente todo o sintagma também em negrito. - Tá, mas e daí? - Pois é.Vamos ver por que ele está falando disso. O versículo anterior mostra que o assunto é a proibição de se comer sangue.Proíbe sangue por nele estar a vida, e acrescenta o fato de que o sangue é especial por ser dado por Ele para a expiação de pecados. Agora, vamos ver de que tipo de sacrifício se fala nesse contexto.Vamos dar um tempo e ler o capítulo 16 todo também. [tempo para leitura de Lv 16 e 17] - E aí? Você percebeu algum detalhe importante? - Não. - Então, eu dizia que Deus diz em Lv 17.11 que dá o sangue, e, agora, fica claro que essa afirmação pode estar mais ligada a um tipo de sacrifício somente, e ter um sentido bem simples e direto. - Ah é? - Sim. No contexto mais próximo,fala-se do sacrifício para expiação do povo, e esse sacrifício tem total relação com o que se diz sobre o sangue no versículo que você citou. Observe que o bode morto não é queimado. Apenas sua gordura é queimada sobre o altar (Lv 16.25). As peles, carnes e excrementos são levados para fora e queimados também (Lv. 16.27). Já o sangue, meu caro, é separado e usado para expiação por meio da aspersão (claro, não é só nesse sacrifício que há expiação, mas nesse, de modo especial, é assim que se faz). Se, em Lv 17.11, Deus fala sobre esse sacrifício, e parece bem razoável isso, o que está dito é simples: O povo é que traz animais para Deus. Mas Deus instruiu sobre esse sacrifício específico de tal forma que não fica como todo o animal para si, mas separa o sangue (só o sangue) e o concede/dá ao povo para expiação. Se quiserem tirar conclusões, teria que se a partir desse fato. - É. Faz mais sentido por esse caminho. - Isso não quer dizer que a ideia defendida não possa ser defendida, mas que o texto usado (da forma como foi usado) não é adequado. Quando você achar que não entendeu um texto bem, procure considerar o contexto todo. Quando você achar que rapidamente entendeu um texto bem, procure considerar o contexto todo com ainda mais afinco. Ah, só pra terminar: não acho frutuosa essa busca exagerada por uma diferença absoluta entre a fé bíblica e todas as outras religiões. Pode haver semelhanças aqui e ali, mas a diferença (ou o Diferente) se imporá quando for a hora, ou, na linguagem bíblica, quando for a plenitude do tempo. Eis a questão!
As traduções tendem a deixar Barnabé como o sujeito da contação. Veja só algumas como exemplo: NTLH Então Barnabé veio ajudá-lo e o apresentou aos apóstolos. E lhes contou como Saulo tinha visto o Senhor no caminho e como o Senhor havia falado com ele. Barnabé também contou como, em Damasco, Saulo, pelo poder do nome de Jesus, havia anunciado corajosamente o evangelho. NVI Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus. ARA Mas Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos; e contou-lhes como ele vira o Senhor no caminho, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. "Vai lá, professor, olha no grego e conta se é isso mesmo!" - diz o aluno que ainda não entendeu que o grego nem sempre resolve tudo. O texto é ambíguo. Se lido só o verso isoladamente, de fato, pode parecer que o sujeito tem que ser Barnabé. Mas, quando se levanta a questão, por causa do contexto considerado como um todo, percebe-se que Saulo também pode ser sujeito do verbo. Βαρναβᾶς δὲ ἐπιλαβόμενος αὐτὸν ἤγαγεν πρὸς τοὺς ἀποστόλους καὶ διηγήσατο αὐτοῖς πῶς ἐν τῇ ὁδῷ εἶδεν τὸν κύριον καὶ ὅτι ἐλάλησεν αὐτῷ καὶ πῶς ἐν Δαμασκῷ ἐπαρρησιάσατο ἐν τῷ ὀνόματι τοῦ Ἰησοῦ. É de se notar que NTLH e NVI acrescentam o nome de Saulo como sujeito explícito do verbo "ver". Assim, praticamente excluem a possibilidade de que ele seja aquele que conta isso. Não se diria: "O Cesar contou como o Cesar viu o ônibus sair sem ele". Por outro lado, seria possível: "O Cesar contou como ele viu o ônibus sair sem ele". O sujeito de "contar" não costuma estar inserido nominalmente no conteúdo do contado. Enfim, em grego, o nome não está lá. A NTLH ainda acrescenta: "Barnabé também contou". A ARA mantém a possibilidade da ambiguidade presente no texto grego. Pois então, abaixo, exponho o link para um pequeno artigo de Mark Wilson. Ele pretende lançar luz sobre essa questão. A meu ver, consegue. Observando (além do contexto narrativo) o fato de que o testemunho de alguém que tenha vivenciado ou visto os fatos testemunhados é estritamente importante para os textos de Lucas/Atos, assim como a existência de possível paralelo entre o tríplice relato do ocorrido na casa de Cornélio e o tríplice relato da conversão de Saulo, Wilson defende que Saulo mesmo relatou aos apóstolos o ocorrido. Barnabé só o teria apresentado a eles. O artigo é conciso e claro. http://scriptura.journals.ac.za/pub/article/view/1144/1089 Não costumo compartilhar aqui artigos escritos em inglês, porque pretendo que o blog seja acessível a todos, e porque julgo positivo divulgar o trabalho dos pesquisadores falantes de português. Contudo, o fato de ser artigo curto e sobre problema que eu desconhecia me motivou a divulgá-lo. Além do mais, é notável que se trate de produto de pesquisa realizada no Sul, isto é, na África do Sul, e não no eixo Estados Unidos-Europa. Título: Aspectos histórico-sociais da apocalíptica
Autor: Ângelo Silva Ano: 2015 Publicação: Oracula (UMESP) Resumo: Com o intuito de expor o conteúdo da apocalíptica com suas particularidades histórico-sociais, este artigo propõe um olhar para tal literatura a partir de dois aspectos constituintes fundamentais: literatura apocalíptica como resultado de perseguição e literatura apocalíptica como composição de diversas fontes. Palavras-chave: Apocalíptica; perseguição; fontes. Acesse o artigo clicando AQUI |
O autorCesar Motta Rios é teólogo. Tem Doutorado na área de Literaturas Clássicas e Medievais, com pós-doutorado na área de Filosofia Antiga. Exerce ministério pastoral junto à Igreja Luterana em Miguel Pereira - RJ. Para acessar seu currículo e encontrá-lo em outras plataformas, clique AQUI. Histórico
April 2023
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